segunda-feira, 13 de abril de 2015

GERIR O ESPAÇO & AS LUAS...


Os primeiros rabanetes foram um sucesso mas não uma perfeição. As sementes têm de ser bem afastadas pois quando a raiz engravida :) precisa de espaço. Tive de fazer algum desbaste e assim têm saído belos rabanetes. Dica dos meus alunos: não cair na tentação de os deixar crescer demais pois ficam fibrosos e gretados.


Algumas das caixas de esferovite pareceram-me capazes de suportar mais habitantes... triste tentação. Caixas com 2 alfaces têm exemplares manifestamente maiores do que aquelas em que encafuei mais uma à pressão. O mesmo se passou com as couves, etc, etc. Portanto, menos pode ser mais.



O stress hídrico deve ser evitado pois vai ser um dos fatores que vai iniciar a floração: a planta espiga e prepara-se para dar sementes pois pressente o seu fim :(

Quanto ao papel da fase das luas nas sementeiras estou em fase de rendição e aconselho vivamente a consulta da página do Projeto Re-Planta! sobre este tema.

CRIAR GA _____________ s

A criação de frangos foi um regresso ao passado. A ideia inicial talvez tenha sido um pouco "romântica" atrás da crescente preocupação de conhecermos a qualidade do que consumimos. Quando pomos as mãos na massa deparamos com as realidades que nos assentam os pés no chão. As rações para pintos são elaboradas com milho e soja geneticamente modificadas assim como as misturas de sementes para as fases de crescimento seguintes. Muitos dos vegetais e frutas que compramos foram tratados com pesticidas e os seus desperdícios não garantem total ausência dessas substâncias. Assim torna-se difícil controlarmos de facto a alimentação das nossas aves para produção de carne. Por questões logísticas não incluo a produção de ovos. Faço ciclos de criação de 4 meses.

A minha opção passa por planear o efetivo que tenho possibilidade de manter de forma sustentável: quero com isto dizer que penso no espaço disponível; no tempo semanal (por vezes diário) para efetuar limpezas do galinheiro e na fase de crescimento das couves e vegetais da horta e do campo perto de casa.  Na fase inicial de crescimento uso o mínimo de ração possível e faço uma transição para as misturas de sementes já acompanhadas de couves, acelgas bravas, serralhas, verdes da cozinha e minhocas. Na compra dos pintos dou preferência às raças mais rústicas. Estimulo os comportamentos naturais colocando poleiros, solo para esgravatar e desempoeirarem-se, permito que apanhem sol e garanto espaço suficiente até à idade de abate.

Se para si for essencial não utilizar OGMs então deixo aqui a sugestão de rações à venda nas lojas AGRILOJA da Herdade de Carvalhoso  que produz rações biológicas para animais.     

Quando surgem doenças nas aves não uso medicamentos convencionais. Se possível coloco a ave em isolamento com água e alimento único e visito o site "A Senhora do Monte" onde encontro várias soluções naturais que já resultaram.

CONTROLAR A NATUREZA... EIS A QUESTÃO

 Controlar a Natureza é sempre um dilema para quem pretende uma horta livre de produtos sintéticos. A dimensão da horta por vezes torna o desafio enorme. Contudo esse não é o meu problema. Uma visita diária às folhas de couves permitem-me controlar os ovos de borboleta. A colocação de redes dos sacos das batatas ou cebolas salvaram-me algumas folhas mais tenras e em desespero de causa tive de partir para a destruição em massa das lesmas e caracóis atraindo-os para um pouco de cerveja... marca nacional de confiança :).

Numa única noite o resultado da cerveja é notório mas não se iludam: se capturaram dezenas largas, então os bichinhos são largos milhares, isto especialmente se tivermos a compostagem perto :(

O limoeiro foi, este ano, fortemente atacado por cochonilha (e suas amigas formigas). A opção começou tarde (por preguiça) por retirar os ramos mais afetados. A praga disseminou-se por toda a árvore e limões. Levou uma boa rega, com alguma pressão e depois vieram umas benditas de umas chuvadas. Ficou limpinho como se vê. As opções de tratamento fitossanitário são muito tóxicas incluindo o tratamento admitido em agricultura biológica.


A ameixeira tem as suas primeiras ameixas mas tem as folhas terminais muito enroladas e afetadas por um pulgão verde muito pequeno. Pelo que li, solo muito rico em azoto pode facilitar estas pragas... o que não me admira pois faço compostagem, por incorporação no solo em torno da árvore. Em casa abundam sempre mais os verdes que os secos (ricos em carbono): talvez seja esta a causa do desequilíbrio.

Digam coisas... São muitas dúvidas.

FAVAS NO TERRAÇO

Cultivar favas num terraço é possível. Aqui estão elas, viçosas e belas. Sim, já foram atacadas pelos pulgões e suas amigas formigas. Não, não apareceram joaninhas: não devem gostar de hortas empoleiradas em terraços. O ataque foi tardio, apanhando as vagens já bem formadas. A solução tem passado por cortar ("capar") as terminações mais afetadas. Tem sido necessário regar sempre que as plantas acusam sinal de desidratação. Mas enfim... são as minhas primeiras favas.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A NOSSA ALCOFA FOI AO MERCADO

Ai Deus nos valha! Tiram-nos tudo! Agora até os sacos temos de pagar - dirão muitos...                                                  
Logo o mercado se adapta impingindo ao consumidor todo o tipo de sacos e sacolas de todas as cores e feitios... contudo, na maior parte dos casos fabricados com derivados de petróleo.

Nós por cá recuperámos a nossa alcofa para as nossas compras no mercado.

Cesteiros, esparteiros e a arte da empreita (com palma) vão-se perdendo. Por isso é muito importante não esquecermos que há alcofas fabricadas por artesãos portugueses e há as outras...


Além das compras habituais fiz também um reforço na horta: couves e alfaces escuras (os pardais só me comem as alfaces de variedade verde). Assim já abri a última ala na minha horta suspensa :)
 
Como podem ver estão por lá umas redes. Pois é... tenho de conviver com os gatos dos vizinhos que gostam de esgravatar e utilizar as minhas lindas caixas como caixas de areia :(
 
Inté.
                                                                              

sábado, 14 de fevereiro de 2015

GUARDAR A CHUVA

 Armazenar água da chuva não será fácil para todos. Conforme a área de escorrência disponível, telhados, terraços, caleiras e espaço para depósitos. O investimento irá também variar com a qualidade, quantidade ou pressão pretendida.

Depósitos de grande capacidade, abaixo do nível do solo, com bombas e filtros são muito dispendiosos mas são sempre uma opção para quem tenha essa possibilidade.

Deixo-vos a minha opção. Um depósito que recebe água de escorrência de um terraço, onde tenho também uma horta em garrafões e caixas de esferovite do peixe, onde não uso adubos químicos.

O depósito está elevado e tem uma torneira. Brevemente irei instalar-lhe um tubo ladrão para escoar o excesso para um outro depósito anexo, num nível inferior. Assim aumento o armazenamento instalado para uns simbólicos 500 litros. 

A entrada para o tubo de captação tem uma rede que impede a entrada de pedras, folhas e animais. Frequentemente faço a sua manutenção. Com essa água consigo regar parte do jardim nos meses mais quentes, efectuar lavagens do canil e galinheiro. Quando o depósito está vazio asseguro a sua limpeza, retirando sujidades e restos de água com elementos em decomposição.

Gostaria que partilhassem comigo as vossas experiências de armazenagem da água, com vitórias e momentos menos conseguidos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

CASA DE BANHO SECA

As visitas à Herdade do Freixo do Meio são sempre um modo de ver, ao vivo e a cores, coisas que vemos nos manuais de permacultura. Aqui fica uma casa de banho seca.

Neste tipo de sanitário não há lugar a descargas de autoclismo.
Esse momento é substituido por uma pá com serradura. Os detritos são acumulados num depósito num nível inferior, onde também existe palha. Os gases produzidos durante a compostagem são libertados por um tubo. Nada obriga a que a construção seja tão rústica. Existem vários designs para estas construções e muitas são bem confortáveis e com menos arejamento que esta :)



terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

BRIQUETES DE CINZAS E ARGILA - "AS BOLAS"

Há muitos, muitos anos, vi muitas, muitas vezes, umas mãos meigas e rudes, guardar as cinzas e restos de carvão numa lata como se fosse algo precioso.

De tempos a tempos, para fazer as suas "bolas de carvão", misturava num alguidar de zinco, terra argilosa com esses restos de cinza e pequenos carvões (2/3 de cinzas para 1/3 de terra argilosa). As bolas eram secas ao sol e alimentavam depois o fogareú para confeccionar a próxima  refeição, poupando a quantidade de carvão ou lenha necessária.
Hoje sei que poderei também misturar restos de materiais lenhosos ou cascas de noz, de pinhão, de castanha, etc.

30 anos depois, recuperei esta técnica para a testar e avivar momentos que não quero esquecer.

BRINQUEDOS DO NADA

Uma viagem por África conduz-nos à arte da reutilização, da recriação, tanto de crianças como de adultos.

Todo o material tecnológico seja de plástico, metal, vidro ou papel terá um novo uso.

Nas mãos de um mecânico, de um artesão, de um agricultor, de um aldeão, de um professor, de uma criança...

Falta, depois, a fase seguinte, de quando é finalmente necessário reciclar e falta também tudo, todo o resto. Só não faltam sorrisos largos perante um aro de metal, um carrinho de madeira ou uma garrafa de óleo e quatro carrinhos de linha de nylon.


ESPARGOS BRAVOS

De Dezembro a Março, Abril poderás encontrar os famosos Espargos Bravos das migas e omeletes alentejanas.

As espargueiras gostam de se esconder entre matagais que crescem junto a rochas ácidas ou em olivais velhos, junto aos pés das oliveiras.

A minha experiência com os Espargos não tem passado de uma experiência etnográfica... não fosse o meu colega de colheita e eu faria migas com dentes... Não são nada fáceis de distinguir entre todos os outros verdes e tons terra que por ali abundam. Também não se coaduna com distrações ornitológicas, pois os espargos não cantam, nem voam :)

Contudo, não desistas ou troca com amigos ou vizinhos por outros produtos. Umas migas de espargos têm de ser comidas pelo menos uma vez na vida.

HERDADE DO FREIXO DO MEIO

Comer um Cozido Bio no 25 de Abril ou no Dia de São Martinho é já um hábito daqueles que não gostaria de perder.

A Herdade do Freixo do Meio abre, nestes dias, as suas portas à comunidade e parceiros.

Artesanato, Agricultura biológica, Produção animal Biológica, Cultura e uso de plantas aromáticas e medicinais, Usos sustentáveis do solo, Alimentação sustentável e as Artes cruzam-se por estes dias.

Dias magnifícos, proporcionados por anfitriões simpáticos e de braços abertos, sempre prontos a uma palavra, a um esclarecimento, a um sorriso, comprometidos com um futuro sustentável.

Não perca. Até lá visite online, sua loja, em Lisboa, no Mercado da Ribeira ou mesmo na própria Herdade.


ALDEIAS COMUNITÁRIAS & ECO-ALDEIAS

A experiência de quem viveu ou, no mínimo, de quem visitou as nossas antigas aldeias comunitárias é sempre empolgante. Um comunitarismo sem ser comunismo, uma gestão participada sem ser democracia pura, um sentido de interajuda, de comunidade, de complementaridade que assusta, que faz estremecer as nossas estruturas preconcebidas e instaladas como "únicas".

Uma recente leitura do livro "Rio Homem" de André Gago fez-me voar até à Aldeia comunitária de Vilarinho das Furnas (Gerês), afogada pelo Plano nacional hidroeletrico do estado novo. Além de ser também uma viagem pela Guerra Civil Espanhola e pela vida dupla de Salazar durante a 2ª Guerra Mundial, esta obra é um bonito quadro etnográfico sobre o funcionamento de uma aldeia comunitária.

Atualmente, na tentativa de revitalizar algumas das nossas aldeias, quase inanimadas, vários grupos de cidadãos, esforçam-se por dinamizar projetos de eco-aldeias, em torno de vivências sustentáveis, baseadas na interajuda e baixa pegada ecológica. A troca de bens, de sementes, de serviços, a interajuda, o debate de ideias, sessões de esclarecimento, estruturas de uso comum... um sem fim de possibilidades que promovem as relações pessoais, os valores da familía, da amizade, da solidariedade, do mutualismo. 


ACELGAS BRAVAS

Nos nossos passeios pelo campo descobri novos paladares. O meu Alentejo continua a ser uma fonte de surpresas. As acelgas bravas, desde que colhidas em zonas afastadas das estradas ou valas poluídas(poderão acumular poluentes), são um óptimo ingrediente para esparregados ou sopa de feijão. Os talos são também utilizáveis. Inúmeros sites de gastronomia fornecem-te boas propostas para cozinhá-las.

Colhe as folhas tenras mas deixa as folhas suficientes para a planta regenerar.

Tem boas propriedades nutritivas, especialmente como fonte de ferro e vitaminas.

Se tiveres dúvida na identificação da planta (é fácil de identificar) pesquisa por Betis vulgaris. Os talos são bastante mais finos do que a acelga cultivada e as folhas são, de um modo geral, mais pequenas e lanceoladas do que as de cultivo. Bom apetite!

FORNO SOLAR

O terraço ou varanda onde tens a horta pode e deve também ser o palco para as nossas experiências gastronómicas em Forno solar. Existem muitos modelos expeditos que podes testar antes de partir para uma construção mais pensada. Um pneu forrado com papel de alumínio ou um "papel prata" de proteger os para-brisas dos automóveis onde colocas uma panela com tampa de vidro é uma possibilidade. Podes ainda tentar com duas caixas de papelão encaixadas uma na outra, com o espaço entre elas cheio com jornal amachucado - tapas com um vidro reutilizado de uma janela ou quadro decorativo.Poderás aumentar a concentração dos raios solares com um papelaõ forrado com papel de alumínio ou prata de proteção dos automóveis. Dentro do forno, uma base de metal preta, tijoleira de barro ou placa de rocha vão aumentar a temperatura. Conforme a dimensão do forno, isolamento térmico, materiais utilizados e exposição solar assim serão os resultados. Começa por fruta assada, pizzas, pratos de arroz ou bolos de tabuleiro. Não há o perigo de queimares os alimentos. É necessário paciência... 3 a 4 horas.

COMPOSTO ORGÂNICO

Para obter um óptimo composto orgânico não necessitas de adquirir um compostor de plástico (vendidos nas grandes superfícies). Podes reservar um local do teu jardim ou quintal para ires abrindo pequenas valas onde irás incorporar os resíduos verdes e secos. As cascas de fruta, restos de vegetais, cascas de ovos, saquetas de chá, borras de café deverão ser alternadas com materiais secos como folhas secas. Na verdade o azoto dos materiais verdes deverá ser proporcional ao carbono dos secos. Uma forquilha ou um tridente irá ajudar-te a revirar os resíduos permitindo o necessário arejamento. É necessário que mantenhas um nível de humidade q.b. pois só assim as bactérias e os fungos conseguirão actuar devidamente. Se criares galinhas, os seus excrementos são muito bons. Vai cobrindo com materiais secos e pequenas quantidades de solo. Quando as valas estiverem cheias abre outras noutros locais. Não utilizes alimentos açucarados nem carne ou peixe - terás mau cheiro, bactérias perigosas e possivelmente ratos. Se só tiveres um terraço ou varanda podes fazer compostagem em caixas, adicionando aos verdes e secos, minhocas e terra já com alguns invertebrados detritívoros. Neste caso deverás ter cuidado para recolher o líquido que se forma no fundo da caixa (podes usá-lo para rega, diluindo em água).

HORTA DE TERRAÇO

Ter um jardim pequeno ou muito assombrado poderá não ser impedimento de conseguires cultivar alguns dos teus alimentos. Uma varanda solarenga ou um terraço poderá ser a solução.

Quanto às famosas garrafas pet penduradas na parede... esquece... a não ser que queiras apenas cultivar pequenas plantas aromáticas. Levam pouco solo, aquecem rápido e facilmente as raízes ficarão sem espaço, atrofiando a planta.

Para apostar em alfaces, couves, feijão ou tomate terás de esquecer recipientes pequenos. Os garrafões de plástico de 5 litros, deitados e cortados, poderão funcionar bem para 1 alface crescer em solo bem fertilizado com composto orgânico. Contudo recipientes maiores, reutilizados, como caixas de esferovite das peixarias (escolhe as mais fundas) serão uma boa solução para couves variadas, alfaces, acelgas, alhos, etc. Vai ajustando as posições das caixas conforme a exposição solar e faz periodicamente uma ligeira mobilização do solo, usando um ferro ou cana - ajudará a arejar o solo e diminuirá o número de regas necessárias. Povoa os canteiros com algumas minhocas e Bom trabalho!